segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Desabafo

Percebi que ainda não falei de política no Com Gás. Ainda não expus meus ideais de tal assunto via internet. E por causa de um niilismo fingido que tento sustentar, não será hoje que eles perderão a virgindade. Aliás, esse tema está muito bem representado aqui, existem as palavras revoltadas de Ricardo Araújo que protestam a toda hipocrisia governamental, além do lindo e esclarecido texto da dama do blog, Carolina Marquis, sobre as conseqüências da crise Aérea.

Então, para o desgosto de alguns que nos lêem procurando uma pseudo-intelectualidade social e política, escreverei sobre futebol. Não necessariamente comentando o mais cultuado esporte brasileiro, e sim; a minha sofrida - porém bela - relação com o Internacional. Nada melhor para se escrever depois de um Gre-nal perdido.

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Todo domingo é uma bosta, domingo que o Inter perde é um aborto. Eu me acostumei com isso, nasci na pior geração que podia para torcer pelo meu time. Mas agüentei na marra, com o incentivo de meu pai e sem dar bola para as camisetas e utensílios do Grêmio que parentes irracionais me davam na infância. Como disse o poeta Fabrício Carpinejar, tecido de três listras era pijama”. O vermelho é mais raça, mais sangue, mais coração, embora seja também sofrimento. Muito eu sofri, o Clube do povo ganhou uma copa do Brasil em 1992 que eu, por ser demasiado criança, não me recordo. Depois disso, apenas Gauchão, e nada. Um buraco negro no Colorado, uma década de alegrias para o nosso rival, time de Paulo Nunes, Jardel e outros.


Os colegas na escola eram gremistas em tremenda maioria. Tive que aprender a dar respostas, a brigar, argumentar, mudar de assunto com agilidade toda segunda-feira. Por causa disso, odiei o azul e todos que gostavam dele, achava essas pessoas, realmente, arrogantes e insuportáveis. Óbvio, que tive momentos felizes, como quando ganhávamos os clássicos que vencemos bem mais que “eles”. O resto da alegria era torcer quando escapávamos de cair para a segunda divisão – lugar onde nunca pisamos, só para salientar. Mesmo assim, o maldito clube da Azenha gabava-se de títulos internacionais como: Libertadores e Campeão do Mundo.


Só que 16 anos depois que vim ao mundo, a coisa começou a mudar. Um ano que começou mal, perdendo o Gauchão para o Grêmio, acabou deliciosamente bem. No dia 16 de agosto eu estava em Porto Alegre, a cidade estava com o ar vermelho, era o Internacional campeão da Libertadores da América, triturando o São Paulo (até então, atual campeão do mundo). Conseguimos a vaga para o famoso e tão quisto mundial, mas de que jeito ganharíamos do Barcelona (não do Hamburgo), time de Deco, Ronaldinho Gaúcho, Puyol e companhia? Fácil: com garra, com determinação, com Edinho, Ceará, Iarley, Fernandão, Clemer, Adriano Gabiru, Fabiano Eller, Índio e toda a equipe introsada de Abel Braga.


Nesse dia, ao invés de tirar sarro daqueles colegas arrogantes, ou dos parentes irracionais, eu chorei e gritei sem voz a vitória presa em minha garganta. Porque aquilo, provou definitivamente que futebol é mais que um jogo qualquer.


Claro que torcer pelo Inter é saber sofrer, xingar jogador num dia e no outro venerá-lo, é gritar num ano o que não se gritou em vários. Torcer pelo Inter é padecer no paraíso. É um grande exemplo do amor, viver entre segundos a dor e a euforia.

O maior exemplo disso é o ano que estamos vivendo hoje. Ainda campeões do mundo e perdendo Gauchão, desclassificando da Libertadores, sem chances no Campeonato Brasileiro. Com certeza vamos melhorar, seja ano que vem ou daqui a mais dezesseis. Vale a pena torcer, e como vale!







Bruno Goularte

5 comentários:

Jornalistas disse...

torce pro pelotas também!

vai subir, vai subir...

Abraço.

Anônimo disse...

peraí bruno, não serão mais dezesseis e sim mais 97!!!
mas ta bonito!
Abraço!

bruno disse...

dentro dos 97 aconteceu muita coisa boa! Rolo compressor, Brasileirão Invicto, Quase todo time titular do Inter convocado para a seleção (-2), 18 Gre-Nais consecutivos, Falcão, Figueroa, Fernandão!

Guilherme Jardim disse...

Só sei que agora tudo está no seu lugar. O Inter na zona intermediária, já sem o que almejar. E o Grêmio atraz de mais uma Libertadores.

Mas na real é a velha gangorra GRENAL, e pelo menos por agora o meu tricolor esta na parte alta da mesma.

Everaldo Ygor disse...

Hehehehehe, Vida de sofredor...
Pelo menos ai as coisas estão melhor, e aqui em Sampa que o Timão está um lixo! Bandalheira total, todo tipo de corrupção, lavagem de dinheiro, sem técnico, sem vergonha... Sem diretoria...
É por isso que to largando o futebol e fazendo balé... Hehehehehe
Abraços
Everaldo Ygor
http://outrasandancas.blogspot.com/