sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Novos rumos

Cada um tem seu blog agora
acompanhem

Carol Marquis
http://pormenorizar.blogspot.com/

Bruno Goularte
http://brunobandido.wordpress.com/

Ricardo Araujo
http://cafeemcapsula.blogspot.com/

é isso nos vemos por lá

sábado, 1 de dezembro de 2007

Querido Intruso

Na última sexta-feira foi encontrado por entre os transeuntes noturnos do bairro Cidade Baixa, de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, um ser extraterrestre. Ele diz ter sido expurgado de seu planeta de origem – Marte – e, ao que tudo indica, não tem planos de abandonar a Terra.
O alienígena que atende pelo nome de Goldenstais Dinamóvski disse, em entrevista exclusiva, que sempre foi muito criticado em seu planeta por ter mania de imitar os terráqueos. Ele gostava de comer feijões e, em seguida dar quatro cambalhotas. Esse hábito era absolutamente condenável pelos habitantes do Planeta Vermelho, uma vez que o feijão é o alimento mais sagrado do lugar, apenas oferecido aos Santos marcianos e a cambalhota é o símbolo do profano, do ilegítimo.
Goldenstais contou que desde muito pequeno ele ouvia as histórias do pai - um conhecido inventor do Planeta Vermelho e criador do maior invento que se tem notícia em Marte: uma nave espacial intergaláctica que é capaz de voar por muitos dias utilizando a energia de apenas uma estrela – e tinha vontade de conhecer a Terra. Porém seus pais, muito conservadores, não permitiriam jamais que ele saísse de seu planeta natal pra viver no Planeta Azul.
A única solução que Dinamóvski encontrou para libertar-se do sofrimento de viver em um lugar onde não se sentia feliz foi cometer a pior das injurias que um marciano pode cometer. Foi então que ele se encheu de coragem, arquitetou um plano e matou uma abelha. Aquilo foi demasiado para seu povo, que, após um longo julgamento decidiu por mandá-lo embora para sempre do quarto planeta do sistema solar.
Depois de dois meses buscando o caminho que o traria para a Terra, Goldenstais finalmente pousou com sua moto espacial em Porto Alegre. Instigado pela curiosidade de conhecer mais a fundo os hábitos dos moradores de seu novo planeta ele decidiu sair para fazer uma pesquisa de campo e decidiu infiltrar-se por entre as pessoas de um bar local. Porém não passou muito tempo até sua estranha presença ser notada. Menos de três minutos após ter entrado no bar foi surpreendido por algo que nunca havia ouvido antes em sua vida: gritos de uma mulher que se assustou profundamente com a bizarra figura que se apresentava a sua frente.
Não era de se estranhar que seu ser causasse espanto entre os cidadãos de Porto Alegre. Alguém com 2, 30 metros de altura, a largura de uma xícara de cafezinho e a pele arroxeada não é difícil causar furor entre os habitantes de nosso planeta. Dinamóvski, no entanto, não se deixou abater pelo susto inicial que causou entre os porto alegrenses e diz ter planos de constituir uma família e viver aqui uma vida cheia de paz e tranqüilidade. Dentro de alguns dias o simpático Dinamóvski já havia feito alguns amigos que o levaram para conhecer mais dos hábitos regionais. Ao ser questionado por nossos repórteres sobre o que o agradava mais na cidade ele respondeu sem demora: “as moças, que são muito belas, além, é claro, do feijão, que eu já conhecia”. Ao que tudo indica o querido intruso entre os terráqueos já aprendeu rapidamente algumas das coisas boas da nossa Terra: as paixões e a boa comida.
Na próxima quinta-feira, às 17 horas, haverá uma festa oferecida pela Prefeitura de Porto Alegre para dar as boas-vindas oficiais ao nosso terráqueo por opção. Líderes de todas as partes do mundo virão para prestigiar o primeiro marciano a colocar os pés na terra.
Goldenstais Dinamóvski, o Planeta Azul se orgulha de ti.

Carolina Marquis

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Duas doses abaixo

Humphrey Bogart era cínico, por isso, um bom ator. Era assim no seu sorriso, no seu gole de uísque, na dor fingida pela vida, na voz atingida pela guerra.


É só lembrar Casablanca e o seu personagem Rick Blaine. O galã respondeu sobre sua nacionalidade com a inesquecível frase “Eu sou um bêbado”.
Era ficção, mas era Bogart. Afinal, ele mesmo disse: “O mundo está sempre duas doses abaixo”. O amargo mocinho de Holliwood, o boêmio solitário que casava e descasava virgensinhas safadas, o fumante e o amigo íntimo do álcool morreu em 1957 devido a um câncer no estômago. Ganhou o Oscar de melhor ator em 1951 pelo seu primeiro filme colorido, The African Queen (Uma aventura na África), dirigido por John Huston.

Gangsters, bandidos, policiais e românticos. Todos com a bela falsidade estética - a mentira pela arte - uma confusão de sentimentos que se espalham pelos diálogos e caretas mais famosos do cinema antigo americano.

Nos romances pessoais, a turbulência amorosa que os gênios têm. Conseguiu maior felicidade apenas no quarto casamento, com a atriz Lauren Bacall. Tiverem dois filhos e uma bela atuação conjunta no filme The Big Sleep (À beira do Abismo).

Com a musa Ingrid Bergman, a protagonista feminina de Casablanca, ele mal se comunicou durante as filmagens. A moça comentaria anos depois: “Eu o beijei, mas nunca o conheci”. Ou seja, Ingrid traduziu o mito Humphrey DeForest Bogart da maneira mais perfeita possível. Será que alguém realmente o conheceu?



Yvonne: "O que você fez ontem à noite?"
Rick: "Faz muito tempo para que eu me lembre."
Yvonne: "E o que vai fazer hoje à noite?"
Rick: "Não costumo fazer planos a longo prazo"
cena célebre de Casablanca

Bruno Goularte

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Das coisas

Bruno says:

vai postar hoje?

Ricardo :

to pensando oq escrever mas nao sei

Ricardo

ideia?

Bruno says:

cara

Bruno says:

nao tenho idéia nem pra mim

Bruno says:

ta foda

Bruno says:

vamos ter que começar a fazer coisas

Bruno says:

senão eu vou virar igual o FHC

Bruno says:

e é muito foda

Ricardo -

hahahaha

Ricardo -

pior

Ricardo -

tem as entrevistas ai no teu gravador, da pra prepararmos alguma

Bruno says:

aham...

Bruno says:

mas eu to pensando mesmo em dar voz a minha geração

Bruno says:

uhaha

Bruno says:

conselho do diabo né cara

Ricardo -

Ricardo -

vai lá

Bruno says:

mas quem da nossa faixa etária ta fazendo algo interessante?

Ricardo -

eu seguirei junto

Ricardo -

ngm

Ricardo -

q eu saiba

Ricardo -

mas q q tu quer fazer?

Bruno says:

pois é

Bruno says:

não, é que ficar puxando o saco da velha guarda é foda

Bruno says:

queria mostrar o que tem de novo, gente tocante

Bruno says:

e não entrevistar nos padrões

Bruno says:

tipo, tu senta com o entrevistado e não entrevista ele, fica-se bebendo mate, ou cerveja, ou... e conversando

Bruno says:

ai da conversa tu tiras o ponto de raciocínio que teu texto vai ter

Ricardo -

claro acho afude isso, so q ngm começa assim

Bruno says:

se grava a conversa, depois vai embora, reflete sobre ela e escreve

Ricardo -

tem q fazer q nem a fogo na franja, tenta entra de uma maneira no meio e qd ta dentro, muda e faz do jeito q quer

Bruno says:

porque a conversa gera mais pensamento do que pergunta e resposta fechada, além do mais que é um jornalismo opinativo a foder, porque tu não vai dar opinião sobre o que o fulano falou e sim vais dar opinião junto com ele...

Ricardo -

claro essa é maneira mais afude

Bruno says:

sim, e ninguém faz isso

Ricardo -

so q são poucos q querem fazer assim

Bruno says:

mas ai que entra a coisa, de achar os entrevistados, descrever a nova juventude legal...

Bruno says:

claro assim é dificil

Ricardo - :

o foda é começar

Ricardo -

ainda mais agora

Ricardo -

mas só indo atrás pra da certo, ou errado, tanto faz

Bruno says:

sim

Bruno says:

se eu não fizer nada interessante eu vo me deprimir com essa faculdade

Bruno says:

hehe

Bruno says:

ja to de saco cheio um pouco

Ricardo -

eu to seriamente desanimado com a famecos

Ricardo -

to pensando seriamente em mudar pra noite pra ver se é outro clima

Ricardo -

ou tenta fabico no extra vestibular

Ricardo -

mas o foda é q nenhuma das opções me anima

Bruno says:

não me animam em nada

Bruno says:

hehe

Bruno says:

acho que a noite o pessoal é menos ligado ainda, porque tem um monte que trabalha e tal...


Ricardo -

na real eu tava afim de pegar e sair viajando por ai

Bruno says:

sim

Bruno says:

bah

Ricardo -

na locura, ganhando grana e gastando

Bruno says:

se um dia nada der certo na profissão eu vo viver assim

Bruno says:

heheh

Bruno says:

foda é que tem que ser meio egoista

Ricardo -

meio

Ricardo -

o cara tem q viver só pra ele e q se foda o resto

Bruno says:

... não sei se eu sei ser assim

Ricardo -

pois é

Ricardo -

mas se bem que, da pra tentar ser não tão assim

Ricardo -

che guevara foi hahahahah

Bruno says:

mas tava vendo agora, voltando ao assunto de antes, a classe jovem, da nossa média de faixa etária não faz nada

Bruno says:

pra mostrar pros outros, cultural, social ou politico

Bruno says:

só o teatro

Ricardo -

sim eu sei, e reclamo todo dia disso

Bruno says:

que pouca gente assiste

Ricardo -

por isso o saudosismo

Ricardo -

so q fazer oq?

Ricardo -

Oq, nem é o problema

Ricardo -

mas como?

Bruno says:

por isso que a gente tem que pegar a pouca gente que faz pra dialogar

Bruno says:

ih rapaz

Bruno says:

o gremio empato!

Ricardo -

capaz

Bruno says:

sim

Bruno says:

2 a 2

Ricardo -

se perdesse era pra fude o inter certo

Ricardo -

haha

Bruno says:

amanha temos que ganhar senão tamo fodido

Bruno says:

já perdemos uma posição

Ricardo -

bah

Ricardo -

q horas é o jogo?

Bruno says:

oito e meia

Bruno says:

tem que ver o jogo amanhã

Bruno says:

e nao da pra ser no garcias

Ricardo -

pois é

Ricardo -

vamos assistir

Bruno says:

nem no bar perto da tua casa

Bruno says:

sim...

Ricardo -

não aqui perto não

Ricardo -

haha

Bruno says:

temos que achar um bar que a gente ganhe

Bruno says:

hehe

Ricardo -

e q a ceva seja barata

Ricardo -

7 e 30 saímos vagando por poa atrás de um

Bruno says:

aham



Ricardo Araujo

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

A Grande Vaia

Aviso aos navegantes:


Amanhã, dia 29 de setembro às 15 horas, acontecerá, na Esquina Democrática, mais um protesto contra a impunidade e a crise dafalta de ética que assola nosso país.
O protesto é uma movimentação chamada A Grande Vaia que ocorrerá em diversas capitais brasileiras.

Chega de pensar na novela e deixar a REALIDADE em segundo plano. Façamos algo por nosso país.
Carolina Marquis

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Poesia

O CD Trinta em Transe foi lançado no ano passado na Feira do Livro. Ele reúne 33 poetas gaúchos que leram seus trabalhos para a gravação. Escuta-se desde a poesia clássica de Glênio Fagundes e Martha Medeiros até o vanguardismo sonoro do Projeto Floco, ou o desajustado conto de Carlinhos Carneiro. É gente da antiga junto com a mais nova e efervescente geração de artistas do sul. Vale a pena conferir!

Leia, escute e obtenha mais informações sobre a obra e seus idealizadores no site : http://www.navevazia.com/trinta/


O que uma mulher quer? (faixa 11 do cd)
Fabricio Carpinejar

"Uma mulher não quer que o homem fique perguntando toda hora o que ela quer. Ela não quer ser definida, mas compreendida. Não pretende discutir relacionamentos no fim da noite, mas os filmes que ainda vai assistir, as expressões que ainda vai aprender. Uma mulher escolhe inúmeras vezes a roupa não porque é volúvel ou tem dificuldades de decisão, mas para ver seu corpo em seqüência. As roupas são o espelho, o espelho não é o espelho. O que a mulher quer está longe de significar um controle remoto, ela deseja que seus ouvidos sejam rezados com insistência, em voz e vela baixas. Ela deseja que o homem adivinhe seu desejo. Que fale palavras rudes com ternura, que fale palavras ternas com violência. Que a paixão seja inventada, não datilografada em sinais e segunda via. Porque quando uma mulher goza sai de seu corpo, o homem fica em seu corpo a assistindo. O que um mulher quer é visitar a mãe sem medo da mãe. Falar com o pai sem medo do pai. A mulher quer a inocência do medo da infância. O que uma mulher quer é uma piada que a faça rir bonita, não uma piada que a faça rir de qualquer jeito. O que uma mulher quer é que o homem feche a porta de noite para ela abrir de manhã. Ela quer ter um filho para não se matar de amor por uma única pessoa. Uma mulher quer a esperança de não ser ela, ao menos mensalmente. Ela quer falar com as amigas o que um homem não sabe ouvir. Ela não quer que o homem mude de assunto porque não o interessa. Quer que o homem entenda que nem sempre ele é seu assunto preferido. Ela quer dançar para outros homens para chamar o seu para perto. Ela quer dançar sem pensar que dança. Uma mulher quer ser restituída de seus erros, quer que acreditem nela quando mente, que duvidem dela quando fala a verdade. Uma mulher quer percorrer a saudade e não se abandonar. Uma mulher quer Deus estendido como uma praia vazia. Uma mulher quer ser perfeita dentro de suas imperfeições, detalhista em suas expedições pelas sobrancelhas. Uma mulher quer conversar para se perseguir. Quer ser olhada nos olhos, na cintura dos olhos. Quer que a janela se incline como um girassol. Quer ser a paisagem de sua cidade à noite. Quer ir vivendo o que não entende. Quer dizer o que sofre para não sofrer do mesmo jeito. Uma mulher quer descer do mundo em movimento. Ter sonhos eróticos para embaralhar as lembranças da semana anterior. Criar uma outra mulher dentro de si que a contraponha. Que seja legível como um pássaro no escuro, um rio no escuro, uma fruta na água. Uma mulher quer se sentir pressentida ao andar de costas, nunca chamada ou assobiada. Uma mulher quer descansar com afeto, sem intenções outras, ter os cabelos alisados e um colo, para perdoar o dia. Ela quer que o homem a ajude a enterrar o passado com direito a uma cruz e um nome. Que a ajude a desenterrar o futuro. Ela quer andar no mistério, mas de mãos dadas. Ela quer ser surpreendida com um beijo nos ombros, agradecer um espanto. Ela quer que a felicidade não seja permissão. Ela quer conferir se tudo vai dar certo para errar com vontade. Ela quer descobrir o que a vida quer dela nem tarde ou cedo demais. Ela quer que o homem feche as antigas relações e os frascos do banheiro. Uma mulher não quer que o homem fale por ela, como eu tentei fazer."


Bruno Goularte



sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Geração Coca-Cola

"Brasil
Mostra a tua cara"

Quando Cazuza cantou essas palavras às pessoas mostravam a cara. Hoje, quando escutamos essa mesma frase, quem mostra a cara são essas mesmas pessoas de anos atrás. Infelizmente!
Infelizmente porque na época em que eles ainda sofriam os resquícios da ditadura, quando a liberdade ainda era indefinida e quando o jovem era apenas um jovem, eles tinham, não a coragem, mas à vontade de mostrar a cara. E hoje, quando os jovens não sofrem mais pela ditadura, quando a liberdade não é nem discutida e quando o jovem é futuro da nação, eles nem se importam em pensar em mostrar a cara.
Alias, para que mostrar a cara?

Reclamar apenas não adianta. Criticar sem mostrar soluções não tem justificativa. Exigir respeito sentado na frente do computador não é o caminho certo. Não se preocupar em mudar (melhorar) o local onde vive é burrice, alienação, conformismo, é a grande parte dos jovens de hoje.

Na manifestação ocorrida no último dia 16, em Porto Alegre, das mil pessoas que foram avisadas e convidadas a participar, cerca de 30 estiveram lá. Sendo que dessas 30, mais ou menos 15, não foram avisadas no circulo dessas mil anteriores.
Se isso fosse um dado preocupante, pior é saber que das pessoas consideradas o futuro da nação, cerca de 10 “representantes” estiveram lá. Jovens recebiam panfletos, adesivos, viam a manifestação caminhando de lá para cá, protestando contra toda vergonha que acontece em nossa política, mas não se juntavam a ela. Enquanto isso, pessoas de 60 anos, ou mais, se interessavam, queriam saber o porque, contavam histórias e diziam que faziam a mesma coisa quando tinham nossa idade. Falavam que lutaram pelo Brizola, que encaram a ditadura, que pediram as Diretas Já. E, se juntavam na caminhada.

Mas, aquelas pessoas que mostraram a cara na época em que o Cazuza pediu para o Brasil se apresentar, foram às mesmas que organizaram a manifestação e ainda acreditam num país melhor. Que possuem o sentimento e a CONSCIÊNCIA de que pode haver mudança, se lutarmos por isso. Foram elas que não deixaram que a cara do Brasil fosse apresentada como a corrupção de Collor, como a ditadura dos militares, como a falta de caráter de políticos desonestos, como a violência e a guerra. Foram essas caras que se mostraram, nos seus 20 anos de idade, que mudaram o Brasil. E que agora, quando deveriam ver outras pessoas com 20 e poucos anos mudando a impunidade que está o país, saem às ruas, tomam as dores, e vão atrás de um país mais digno.

O futuro da nação é preocupante.




Ricardo Araujo

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Gritemos Juntos

Renan Calheiros não foi cassado. E agora? Esperar que os outros dois processos contra ele corram para, mais uma vez, ter a confirmação de que a desonestidade tem lugar privilegiado no Brasil? O dinheiro do CPMF que deveria ser investido na melhoria da saúde pública vai para algum lugar obscuro que não se sabe onde. Os investimentos em educação são ínfimos, o que está gerando cada vez mais desigualdade cultural e, por conseqüência, social. O problema do Brasil, ou melhor, dos brasileiros, é que eles pensam que o que acontece na política não os afeta. Estão errados, obviamente.

Esta semana assisti à palestra do colunista da revista Veja Diogo Mainardi. Parte do que ele fala tem coerência. Além disso, ele conta com um poder de persuasão que te faz, em um primeiro momento, dar mais crédito a suas palavras do que elas realmente merecem. Mainardi, ao contrário do que muitos pensam é o típico representante da classe média brasileira - apesar de ele não se encontrar nessa camada social. Aponta milhares de erros e faz críticas indignadas ao governo e à corrupção, o que está corretíssimo, mas não vai além da crítica. O mesmo acontece com grande parte dos 186 milhões de habitantes do nosso país.

A situação torna-se de uma desesperança caótica no momento em que se escuta um jovem de 18 anos dizendo que “é normal que haja roubo na política porque o sistema por si só foi feito para corromper”. Se tudo isso que acontece hoje na política for normal não haveria necessidade de que os processos contra Renan fossem votados – não existiria nem a necessidade da denúncia. Se for realmente normal não temos por que querer que os mensaleiros sejam julgados e presos, afinal de contas “as coisas são assim mesmo” e se não forem esses serão outros a fazer o mesmo. As pessoas perderam a capacidade de indignação.

Domingo passado houve na Redenção um protesto - anteriormente avisado aqui no Com Gás - contra toda a baixaria dos nossos governantes. Resultado: 30 pessoas. Alguns não foram porque era domingo, outros porque tiveram preguiça, outros porque já não acreditam que isso realmente sirva para alguma coisa. Não importa o motivo, o resultado de toda essa apatia é uma geração que dorme na frente da tevê e já não se importa com o que realmente é relevante.

O povo reunido já mudou muita coisa na nossa história e se agora está sendo diferente é por culpa nossa. É necessário que as pessoas tenham consciência do poder que têm, não como indivíduo só, mas como indivíduo inserido dentro de um contexto político social a fim de reescrever a história atual. É preciso que Mainardis que não acreditam que existam soluções reais dêem lugar a cidadãos que saibam do poder do grito da massa.

Carolina Marquis


segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Desabafo

Percebi que ainda não falei de política no Com Gás. Ainda não expus meus ideais de tal assunto via internet. E por causa de um niilismo fingido que tento sustentar, não será hoje que eles perderão a virgindade. Aliás, esse tema está muito bem representado aqui, existem as palavras revoltadas de Ricardo Araújo que protestam a toda hipocrisia governamental, além do lindo e esclarecido texto da dama do blog, Carolina Marquis, sobre as conseqüências da crise Aérea.

Então, para o desgosto de alguns que nos lêem procurando uma pseudo-intelectualidade social e política, escreverei sobre futebol. Não necessariamente comentando o mais cultuado esporte brasileiro, e sim; a minha sofrida - porém bela - relação com o Internacional. Nada melhor para se escrever depois de um Gre-nal perdido.

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Todo domingo é uma bosta, domingo que o Inter perde é um aborto. Eu me acostumei com isso, nasci na pior geração que podia para torcer pelo meu time. Mas agüentei na marra, com o incentivo de meu pai e sem dar bola para as camisetas e utensílios do Grêmio que parentes irracionais me davam na infância. Como disse o poeta Fabrício Carpinejar, tecido de três listras era pijama”. O vermelho é mais raça, mais sangue, mais coração, embora seja também sofrimento. Muito eu sofri, o Clube do povo ganhou uma copa do Brasil em 1992 que eu, por ser demasiado criança, não me recordo. Depois disso, apenas Gauchão, e nada. Um buraco negro no Colorado, uma década de alegrias para o nosso rival, time de Paulo Nunes, Jardel e outros.


Os colegas na escola eram gremistas em tremenda maioria. Tive que aprender a dar respostas, a brigar, argumentar, mudar de assunto com agilidade toda segunda-feira. Por causa disso, odiei o azul e todos que gostavam dele, achava essas pessoas, realmente, arrogantes e insuportáveis. Óbvio, que tive momentos felizes, como quando ganhávamos os clássicos que vencemos bem mais que “eles”. O resto da alegria era torcer quando escapávamos de cair para a segunda divisão – lugar onde nunca pisamos, só para salientar. Mesmo assim, o maldito clube da Azenha gabava-se de títulos internacionais como: Libertadores e Campeão do Mundo.


Só que 16 anos depois que vim ao mundo, a coisa começou a mudar. Um ano que começou mal, perdendo o Gauchão para o Grêmio, acabou deliciosamente bem. No dia 16 de agosto eu estava em Porto Alegre, a cidade estava com o ar vermelho, era o Internacional campeão da Libertadores da América, triturando o São Paulo (até então, atual campeão do mundo). Conseguimos a vaga para o famoso e tão quisto mundial, mas de que jeito ganharíamos do Barcelona (não do Hamburgo), time de Deco, Ronaldinho Gaúcho, Puyol e companhia? Fácil: com garra, com determinação, com Edinho, Ceará, Iarley, Fernandão, Clemer, Adriano Gabiru, Fabiano Eller, Índio e toda a equipe introsada de Abel Braga.


Nesse dia, ao invés de tirar sarro daqueles colegas arrogantes, ou dos parentes irracionais, eu chorei e gritei sem voz a vitória presa em minha garganta. Porque aquilo, provou definitivamente que futebol é mais que um jogo qualquer.


Claro que torcer pelo Inter é saber sofrer, xingar jogador num dia e no outro venerá-lo, é gritar num ano o que não se gritou em vários. Torcer pelo Inter é padecer no paraíso. É um grande exemplo do amor, viver entre segundos a dor e a euforia.

O maior exemplo disso é o ano que estamos vivendo hoje. Ainda campeões do mundo e perdendo Gauchão, desclassificando da Libertadores, sem chances no Campeonato Brasileiro. Com certeza vamos melhorar, seja ano que vem ou daqui a mais dezesseis. Vale a pena torcer, e como vale!







Bruno Goularte

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Brasil mostra a tua cara!

Parafraseando o deputado Fernando Gabeira, um dia antes da votação sobre o caso do senador Renan Calheiros: “ou morre o Senado ou morre o Renan Calheiros”.
No final das contas, quem morreu foi a moral do povo brasileiro.

Escândalo não são os crimes que nossos políticos cometem. Escândalo são as atitudes que são tomadas para “julgar” a falta de ética que paira sobre o país.
Sendo o Senado um local público, porque o pedido para que o julgamento do terceiro na linha de sucessão a Presidência da República fosse feito a portas fechadas, foi aceito?

Uma varredura como nunca vista antes, foi realizada na noite anterior no plenário do Senado para que nenhuma informação chegasse aos ouvidos da população. Computadores foram confiscados e celulares foram proibidos de serem usados. O Senador de um país foi julgado sem o conhecimento da população que o colocou no cargo.

Traição seria o sentimento que deveria correr em nossos sangues quentes?
Deveria, se a impunidade não batesse tantas vezes seguida em nossos rostos.

Se o voto secreto já era difícil de digerirmos, o que faremos agora para aceitar que seis senadores deixaram de votar em um dos maiores escândalos do Senado nacional?

O mesmo senador que insiste pelo seu voto no período das campanhas eleitorais - justificando que o ato de votar é democracia, que escolher um candidato é a maneira de participar da política - vota em BRANCO no julgamento que interfere diretamente na política do país.

Ter um senador que vota em BRANCO em um assunto de extrema importância para, a já desacreditada, política brasileira, é a prova de que para a nossa política melhorar, devemos mudar os políticos.

Enquanto senadores de seis partidos planejam dar um golpe nas futuras sessões presididas por Calheiros deixando de comparecer, nós temos o dever de nos manifestarmos.

Se o saudosismo desse blog é justificado por falta de atos como os dos anos 60 e 70, ele deixará de ser saudades para tornar-se presente. Se não temos uma ditadura, temos uma camada política podre. Sem importância com seu povo, dando valor aos seus interesses enquanto deveria ser responsável pelos direitos de 170 milhões de, ainda orgulhosos, brasileiros.

Se o Senado e o Renan se mataram, a indignação e a busca por justiça do povo não morreu.


Domingo, dia 16, às 10 horas no Brique da Redenção, em frente ao Monumento do Expedicionário, na Redenção, em Porto Alegre, um protesto idealizado pelo site Artewebrasil contra toda vergonha que assola o Brasil será realizado. Faça chuva ou faça sol.
A Bienal B apresenta a partir de amanha mais uma peça da campanha Outras Perspectivas, criada pela Paim Comunicações. Anagramas como o da imagem estão sendo veiculados na mídia, mostrando a indignação presente em todas classes sociais de brasileiros.

Já basta de tanto conformismo. Se não nos manifestarmos agora, que acarretemos todas injustiças e hipocrisias que estão por vir.

Os únicos que podem mudar essa situação somos nós.


Mais informações sobre o protesto domingo:
www.artewebbrasil.com.br

Ricardo Araujo