segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Perfil - I

A paixão dos marginais que comem a vida e soltam palavras e armas. A paixão dos poetas que comem o tempo e cospem ponteiros e facas. A paixão dos malditos que a vida os come.


Gente que
virou história incomum, que vive no outro lado, que fez da vida curta mais um de seus excessos, e por isso; foram sucumbidos por ela. Mesmo assim, vivendo intensamente.

Começa aqui, uma série de perfis mensais desses ícones que não sabiam se amavam a todos, ou se não amavam ninguém.


Syd Barret


Um louco nascia em Cambridge, Inglaterra, e anos mais tarde formava a banda Pink Floyd. Põe louco nisso! Com seus riffs de guitarra criativos, suas músicas psicodélicas, suas atuações andrógenas nos shows e suas loucuras regadas a LSD, Barret virou nome do Rock psicodélico.

Mas psicodélico não era só sua música. O gênio da banda de Roger Waters exagerava mesmo no ácido, e o que era para melhorar sua criatividade, serviu para alucinar para sempre seu cérebro. São várias as histórias e lendas do primeiro vocalista e guitarrista do Floyd. Como a de quando trancou sua namorada no quarto por uma semana e apenas passava bolachas por debaixo da porta (escutem Lunático – Cachorro Grande). Ou quando filmou com uma Super-8 sua primeira viagem de LSD. Melhor: deu a droga ao seu gatinho de estimação que ficou lesado até a morte. Paranóias também ocorriam em sua cabeça, certa vez pintou todo o piso da sala de seu apartamento de vermelho e ficou preso no meio do recinto, em um colchão, até a tinta secar.

No palco, era realmente bom. Veja o que David Bowie, que criou o personagem Zig Star influenciado por Syd, comenta:

"Barrett teve uma influência enorme sobre mim, eu achava que Syd tinha um talento colossal. Ele foi o primeiro cara que eu vi no meio dos anos 60, que conseguia 'decorar' um palco. Possuía uma aparência mística, estranha, com unhas pintadas de preto e olhos maquiados. Ele serpenteava em volta do microfone, e eu pensava: 'esse cara é totalmente hipnótico!'"

Mas esse hipnótico artista não teve um fim de carreira feliz. Depois do primeiro disco da banda, The Piper of The Gates Down, o qual Barret assinou nove maravilhosas canções, ele pirou de vez. Para que a gravação do segundo disco ocorresse, tiveram que chamar o também vocalista e guitarrista David Gilmour, pois o antigo já não cantava, criava e tocava como antes. “Nós tínhamos que correr com o microfone atrás de Syd pelo estúdio, para que ele pudesse cantar”, comentou o baixista Waters em uma entrevista. E nos shows, também já não era o mesmo, falava palavras desconexas ao microfone e mudava as notas das músicas. Teve que sair da banda. Voltou a morar com sua mãe em um pequeno bairro inglês e lançou discos solos que apenas os fãs compravam.

O egocêntrico Roger Waters sempre sentiu sua falta, ajudou-o com os discos solos e criou várias músicas sobre ele, que estão presentes nos melhores álbuns da banda: The Dark Side of The Moon, The Wall e I Wish you were here. Esse último foi feito inteiramente em sua homenagem, inclusive durante as gravações, Barret apareceu nos estúdios gordo e barbudo, tão diferente que os próprios integrantes demoraram a reconhece-lo. Achavam que era um mendigo.

O homem foi um gênio do Rock’N Roll que poderia ter sido tão imortalizado e escutado como Jimi Hendrix, Janis Joplin e Jim Morrison, mas não foi por um simples motivo: a vida não o levou tão cedo, não o transformou em mártir, o deixou louco e esquecido, sem contatos, na mesma Cambridge em que nascera. Morreu tempos depois de ter parado de tocar, em 2006, com 60 anos. Já sofria com problemas intestinais e Diabetes. Sua família não autorizou que fosse divulgado mais nenhum detalhe da vida pessoal do músico. Certamente, ele queria assim.

6 comentários:

Caique Gonçalves disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Caique Gonçalves disse...

Excelente texto e homenagem mais do que merecida, um artista ímpar, em todos os aspectos. Artistas como ele, na pobreza de produções musicais que convivemos, faz muita falta.

Abraço

Jornalistas disse...

Afude pra caralho!!

Bruno se puxando...

abraço para todos.

Eliane! disse...

Quando eu penso no 'Syd' (que mimosa a intimidade) eu lembro que eu deveria sentir uma certa raiva do Roger Waters. Mas não. Eu perdoei. Até o The Wall porque era o grande David Gilmour que estava em jogo.

Sei lá. Tem gente que resume o Pink Floyd no que o Roger Waters fez. Ele é um egocêntrico metido.
Fico com os outros dois (Gilmour e Barret).

Eliane! disse...

"O homem foi um gênio do Rock’N Roll que poderia ter sido tão imortalizado e escutado como Jimi Hendrix, Janis Joplin e Jim Morrison, mas não foi "

concordo, e muito.
Na verdade o meu Q com o Waters diz que é culpa dele.

Ahhh eu não entendi no post anterior: o que a Kátia Suman fez?

bruno disse...

A Katia Sumam, demonstrou sua babaquice intelectual!