quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Sarau Elétrico I


Estando sem dinheiro a semana inteira, nada melhor que um amigo para pagar uma boa garrafa de um vinho barato. Ao som dos últimos suspiros do Cazuza em um microfone – ele que era um assumido fã dos beat – bebemos todo o liquido com maior teor alcoólico que os vinhos normais. Um fator relevante na hora de sua escolha, além, de como já mencionado, o preço completamente acessível, pelo menos para nós, naquela ocasião.

Fazia calor, mas o vinho era necessário. Iríamos ao Sarau Elétrico cujo tema seria os destruidores do sonho americano, os beat. Sofrendo pela falta de vinho e ainda restando tempo, bebemos alguns copos de vodka com coca-cola, e, alguns cigarros depois, fomos até o bar Ocidente.

O Ocidente é considerado o berço da contracultura que virou cultura de Porto Alegre. Lá passaram músicos, poetas, escritores, boêmios, estudantes, vagabundos e todos responsáveis pela cultura (contracultura?) da capital. O Sarau Elétrico é um desses eventos que tu ouves falar e sempre tens vontade de ir. Tua ânsia por um lugar onde há efervescência de idéias contraculturais é suprida pela imagem que passam do Sarau. Isso até tu presenciares e criares a própria imagem do evento.

Pagamos um real a menos na entrada, e, graças a isso, tomamos mais algumas cervejas enquanto o aguardado evento não começava.

Sempre no Sarau, os “pensadores líderes” chamam um convidado especial ligado ao tema para acrescentar algo. Dessa vez – na vez em que iriam falar sobre os beat – resolveram convidar o Iotti, aquele mesmo que faz o Radicci.

Puta merda, o que o Radicci tem de beat?

Ou seria uma enorme surpresa, ou uma enorme decepção.

Enfim, começa o evento. Professor Fischer inicia lendo um fragmento do On the Road, do Kerouac. Na seqüência, Kátia Sumam, leu um poema do Uivo, do Ginsberg. E a partir desse momento, com dez minutos desde o início, o rumo do Sarau Elétrico começou a ficar claro. Claudia Tajes anunciou que leria Bukowski. Mas o que o velho safado tem a ver com os beat? E ainda por cima, deram mais atenção para a discussão de como se pronunciava o nome do velho Buk, do que para seu texto.

Para finalizar a primeira parte do Sarau Elétrico, professor Moreno, o Riquelme do time de intelectuais do Sarau, simplesmente resolve divagar sobre a Grécia. Tudo bem que tu sejas estudioso dos tempos clássicos e tudo mais. Mas não usa isso quando a proposta era falar sobre escritores dos anos 20!

Leram mais On the Road, mais Allen Ginsberg e novamente Claudia cometeu o percalço de ler John Fante. Sendo que ele, assim como seu fã numero um, Bukowski, não é Beat.

Eis que entra o Iotti na história: “Nem sei porque vocês me chamaram mas tudo bem”, diz o criador do colono mais famoso do Rio Grande do Sul.

Enquanto o professor Moreno insiste em falar da sua adorada Grécia, Iotti se revela o melhor dos cinco participantes ao contar uma única piada.

A platéia era constituída basicamente de, pelo estilo, pessoas que idolatram figuras do rock. Mas quando Kátia Sumam teve a infelicidade de, ao ler o prefácio de um livro do Kerouac - onde nomes de influenciados pelos beat, como Bob Dylan e Jim Morrinson eram mencionados - fazer o comentário dizendo que de quantas “coisas” ele poderia tê-la poupada, fomos embora ao som dos risos do público.

E ainda perdemos o show do Jimi Joe, que deveria estar se contorcendo na cadeira enquanto ouvia tudo aquilo.


*O ambiente é lindo.
Imagem retirada sem autorização do site do Sarau Eletrico. Foto
Cynthia Vanzella.


Ricardo Araujo

4 comentários:

MaxReinert disse...

hehehehe... como podemos perceber "informação" é tudo, não é mesmo????
Ai, ai... o que não se faz de boabagem hoje em dia, usando alguns santos nomes em vão!!!!

Deise Rocha disse...

Adorei esse blog...
adorei v6...

kero voltar aki mais vezes...

toh add nos favoritos...

ok?!

sucessos...

bjos e até outros posts...

Climão Tahiti disse...

Por essas e outras que odeio citações em determinadas situações.

Sempre digo, não use citações, torne-se parte delas e faça as pessoas que as conhecem perceberem as influências. Usar citações não te torna melhor ou pior, te torna no mínimo igual no máximo uma cópia ou uma figura caricata e ridícula.

E se você quer apenas copiar, porque quer destaque? Fantasie-se e vá viver de sua imagem.

Anônimo disse...

Lugar belo esse ai... O Blog continua otimo, ao som do Pink Floyd... O velho Sid...
Aqui em Sampa temos o Sarau do Elo Incandescente...
Em Beijo
Everaldo Ygor
http://outrasandancas.blogspot.com/