segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Os 50 anos de "On The Road"


Resolvi escrever sobre os cinqüenta anos do livro “On The Road” (Pé na estrada) de Jack Kerouac, marco da Geração Beatnick. Para isso, sentei-me a olhar as paredes e pensar, botei Billie Holiday no som e acabei com uma garrafa do vagabundo vinho Santa Ana. Agora, no teclado do computador, penso em uma citação de Sal Paradise - alter-ego de Kerouac – “Para mim, as únicas pessoas são as loucas, as que são loucas para viver, loucas para falar, loucas para serem salvas, que querem tudo ao mesmo tempo, aquelas que nunca bocejam nem dizem um lugar-comum”. E era exatamente assim que pensavam os Beatnicks, grupo de escritores bêbados que com suas mochilas atravessaram, de carona, os Estados Unidos, conheceram bares mexicanos e freqüentaram os mais obscuros ambientes.

Junto de Jack Kerouac estavam Allen Ginsberg, Willian Burroughs, Carl Solomon, Neal Cassady e outros tantos que imortalizaram seu movimento entre prosas e poemas, desmoralizando o “sonho americano”.

O livro do qual falo está nas lojas brasileiras traduzido por Eduardo Bueno e lançado pela editora L&PM. Escrito num estilo chamado “fluxo de consciência”, é fluvial e intenso como um solo de jazz, música adorada pelo autor. Feito pra ser rasteiro, o leitor sente a profundidade de cada diálogo e cada carona, de cada bar e cada transa carregada de vinho. Mas não é só de On The Road que vive Kerouac. Ele fez outros livros mais complexos e menos comercias que esse. Com destaques para The Dharma Bums (Vagabundos Ilumindos), Tristessa, Viajante Solitário e Geração Beat, todos lançados no país pela L&PM.

Em todos os livros beats, lemos uma mistura entre Rimbaud e Charlie Parker, uma rebeldia concreta suingada pela música negra, espiritualizada pelo budismo, gozada por bissexualismo direto e incrementada pela mais pura marginalidade. Coisas demais. Não é à toa que Kerouac enlouqueceu ao contrário, virou de direita, odiou seu próprio trabalho, não aprovou os hippies nem o que eles escutavam. Chegou ao ponto de votar no Nixon. Acreditem, no Nixon! Trancou-se a escutar seus apreciados discos de Jazz e morreu por consumo demasiado de bebida alcoólica.

Os clássicos da Beat Generation:
Seguem abaixo clássicos da geração que influenciou os Hippies, os Punks, Hunter Thompson, Bob Dylan, Johny Deep e mais centenas de jovens que fugiram de casa para viver:


O Uivo, para Carl Solomon: Conhecido poema de Allen Ginsberg, no qual ele descreve seu movimento: “Eu vi os expoentes da minha geração destruídos pela loucura, morrendo de fome, histéricos, nus, arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em busca de uma dose violenta de qualquer coisa, (...)”. O livro foi apreendido pela polícia de San Francisco, sob a acusação de se tratar de uma obra obscena. Mas o poema foi liberado pela Suprema Corte americana, depois de um agitado julgamento, e vendeu milhões de exemplares. (Brasil, L&PM)


Almoço Nu: Willian Burroughs traz um amontoado de imagens e informações que começam a se tornar brutalmente familiares. “O leitor é atirado de uma espelunca urbana cheia de viciados para o coração de uma floresta e depois para uma cidade que mais parece a projeção paranóide de todas as metrópoles do mundo.” (Ediouro, RJ)

O primeiro terço: Parte do diário de Neal Cassady, encontrado após sua morte. Nele entendemos bem sua relação com Kerouac, viagens e pensamentos do autor. (L&PM)



Bruno Goularte


8 comentários:

Fábio Jaques disse...

Muito bom o post e o blog cara. Tô lendo hoje "Os vagabundos iluminados" e o "Viajante Solitário" do Kerouac.

Fora o post do Cazuza e a imagem de Lanranja Mecânica

Virei fã

Abraços

visitem:

http://duvidasidiotas.blogspot.com/

Anônimo disse...

Uns baita de uns filhos da puta
Mestres!

Arthurius Maximus disse...

Verdadeiros monstros sagrados. uma época de criação extrema.

bruno disse...

O segundo caderno na Zero Hora, desta terça feira, copiou-me descaradamente.

Everaldo Ygor disse...

Louco esse Post do Kerouac...
já perdi a conta de quantas vezes apreciei o cara... Chapado ou não, a leitura sempre revela algo novo...
Everaldo Ygor
http://outrasandancas.blogspot.com/

Eliane! disse...

Relaxa Bruno. A ZH não tem lá tanta criatividade com tu!

Hoje, no Ocidente, Sarau Elétrico para comemorar e com a presença do grande Jimi Joe.

bruno disse...

hahaha...


sim, certo que vou!

Jornalistas disse...

porra, tinha postado aqui e desapareceu!

enfim, muito afude o texto, curti mesmo.

ah, billie holiday é o que há, aliás, jazz é o que há, principalmente se for na voz dessa moça ai ou da nina simone ou da ella.

abraço!