quinta-feira, 14 de junho de 2007

"Extra Extra! A mídia acabou"


Se precisávamos de uma poética que traduzisse a vida contemporânea, já a temos.

É o que Michel Melamed mostra no livro Regurgitofagia (Ed. Objetiva, 2005). Nele, o poeta escreve o que representa no seu famoso espetáculo teatral de mesmo nome.

Significa que “diferente dos ávidos antropófagos – já deglutimos coisas demais”, por isso “devemos vomitar os excessos a fim de avaliarmos o que queremos redeglutir”.

É o que ele faz com uma poesia crítica da sociedade de consumo e do comportamento moderno. Leva o leitor a rir e chorar.

“Jáinda”, diz ele. “A eterna sensação de (...) trocar o que já se tem pelo que ainda se tem”.

Mistura vanguardas modernistas e programas de televisão, atitudes e palavras, livros e armas, pessoas e robôs.
Dono de uma literatura pop com surpresas e suspiros que ousam e debocham:

“Não se fazem mais antigamentes, como futuramente”

“pra você que não desapareceu em 68 só porque não era nascido”

“essa é a história da borboleta que se apaixonou por um soco”

Melamed recorta, cola e cria.
Homem dadaísta e não, frases de amor, piadas americanas, brincadeiras infantis, navegações de letras.
Os números de telefone, que sabe de cor, viram poema.

Por isso, se você não gosta de levar tapas na cara, ou simplesmente acha que estética não é conteúdo, tome distância desse livro. Fuja dele, não ouse abrir sua capa ou virar suas folhas.

Viva feliz.



rebecca

há um barco no mar
e só
há um barco no mar
porque há
mar

senão seria apenas um barco no ar

há um barco no ar
porque se não houvesse ar
seria só um barco
só um homem num barco
só um homem sufocando num barco

Michel Melamed




Bruno Goularte

3 comentários:

Anônimo disse...

haha - cassia
parece q "tudo esta ao contrario"
hehe - nando (e nao o diabinho)
e parece q "ninguem reparou"

Anônimo disse...

Olá Bruno! Obrigada por visitar o meu VARAL DE IDÉIAS.

Adorei o Com Gás e já o adicionei aos meus favoritos. Hoje em dia os blogs são excelentes ferramentas para falarmos de assuntos já tão esquecidos ou banalizados.

Gostei de seu texto. Parabéns!!!

Jornalistas disse...

cara, o leo gomes deve gostar desse cara, afinal, os dois concordam que estética é conteúdo.
aehuhaeaehuae
ficou tri o texto. gostei mesmo.